Entrevista da página Receção Orientada a Péricles Santos Pereira “Pecks”, jogador do Leça FC
O Pecks pode contar-nos um pouco da sua história? Chegou a Barcelos em 2011. E antes disso?
Pecks: A minha vida em Cabo Verde era uma vida tranquila, dentro do possível, com algumas dificuldades. Vivia com a minha mãe, o meu padrasto e as minhas irmãs. Estudava e jogava futebol enquanto foi possível conciliar até que deixei os estudos e dediquei-me apenas ao futebol porque era esse o meu sonho.
RO: Fez formação no Batuque, um clube cabo-verdiano que ficou conhecido em Portugal por causa de uma parceria com o Sporting. Quão importante é que esse período foi no seu desenvolvimento enquanto pessoa e profissional de futebol?
Pecks: Eu fiz a minha formação no Sport Clube Ribeira Bote. Foi aqui onde aprendi a dar os primeiros passos no futebol e a ganhar o gosto por este desporto. Depois disto fui para o Académica do Mindelo que também foi importante no meu percurso e formação. No Batuque foi onde finalizei a minha formação em Cabo Verde.
RO: Sente que os quatro anos passados em Barcelos, a representar o Gil Vicente, foram os melhores anos da sua carreira?
Pecks: Todos os anos na minha carreira foram marcantes pelas experiências que me proporcionaram, mas representar o Gil Vicente na Primeira Liga teve um gosto especial.
RO: Qual foi para si o momento mais marcante como jogador do Gil Vicente?
Pecks: O momento que mais me marcou no Gil Vicente foi quando marquei o golo da vitória contra o Nacional da Madeira nos quartos de final da Taça de Portugal, porque esta vitória permitiu que o Gil Vicente chegasse a uma fase de eliminatórias que não chegava há 39 anos.
RO: O que faltou para dar continuidade à carreira após 2016?
Pecks: Nessa altura surgiu um problema que me impediu temporariamente de continuar, mas neste momento não tenho nenhum impedimento de seguir com a minha carreira.
RO: Como foi lidar com o impedimento de regressar a Portugal?
Pecks: Não foi uma situação fácil a vários níveis, mas felizmente tenho as pessoas certas comigo que sempre me ajudaram e assim tudo se resolveu da melhor maneira.
RO: O Pecks teve mais de dois anos sem competir. Em que ponto isso mexeu com os seus objetivos de carreira?
Pecks: Os meus objetivos nunca deixaram de ser os que sempre tive. Independentemente das dificuldades que ultrapassei, sempre fiz por me manter ativo, a treinar e a jogar. O facto de ter estado algum tempo fora de competições oficiais, nunca perdi o meu foco.
RO: É internacional por Cabo Verde. Como encara o crescimento da seleção no panorama futebolístico africano?
Pecks: A seleção de Cabo Verde é uma seleção com jogadores de muita qualidade. Não me surpreende que consigam bons resultados e qualificações.
RO: Partilhou o balneário em Barcelos com o Paulinho, atual jogador do Braga. Já lhe previa esta ascensão e sucesso na Primeira Liga?
Pecks: O Paulinho sempre foi um jogador com muita qualidade e com todo o seu trabalho e dedicação só podia ter uma carreira de sucesso como está a acontecer.
RO: O Pecks foi também companheiro de César Peixoto. Tem acompanhado o seu percurso? Vê no César qualidade para ser um treinador de alto nível?
Pecks: O César Peixoto tem muita experiência no futebol e tem grande potencialidade para vir a ser um treinador de alto nível assim como foi um jogador de grande qualidade.
RO: E o Pecks, vê-se como treinador no futuro?
Pecks: Neste momento penso em apostar ao máximo na minha carreira como jogador. Quando esta fase da minha vida terminar terei tempo para decidir o futuro. Não é uma hipótese fora de questão, mas ainda não pensei nisso.
RO: Neste momento atua no Campeonato de Portugal. Com 30 anos, ainda ambiciona chegar à Primeira Liga?
Pecks: Esse vai ser sempre o meu foco até ao fim da minha carreira.
RO: Jogou no Pedras Rubras e atualmente representa o Leça. Num momento em que vários clubes do Campeonato de Portugal surpreenderam na Taça de Portugal como é que o Pecks, com experiência de 1.ª Liga, avalia a qualidade do terceiro escalão do futebol nacional?
Pecks: O Campeonato de Portugal é um campeonato muito competitivo. Encontram-se jogadores com muita qualidade que nunca tiveram oportunidade de jogar na 1.ª e 2ª Ligas, embora merecessem. Há equipas com muito potencial e muito bem estruturadas, muitas vezes com muito poucos recursos.
RO: Como é a vida de um jogador do Campeonato de Portugal em comparação com um jogador de Primeira Liga?
Pecks: Um jogador de futebol tem que encarar o futebol da mesma forma e com a mesma dedicação independentemente do escalão em que joga. As dificuldades que nos deparamos muitas vezes no Campeonato de Portugal nem são do conhecimento de um jogador de Primeira Liga, se não tiver passado pelas duas experiências. Mesmo assim considero que tudo serve para aprender e tenho aprendido muito neste Campeonato.
Fonte da Foto: Leça FC
Texto: Receção Orientada