"Não tenho medo de treinar séniores, podem é ter medo de apostar em mim. Não tenho problemas nenhuns em treinar jogadores de 30 e muitos anos, eles é que podem ter problemas com ter um treinador de 26 mas acredito muito na comunicação e competência", descreveu.
André revelou que já recebeu "2 ou 3 convites e uma ou outra sondagem, outros para lá para fora, uns para observador outros para adjunto", mas que só com o projeto certo está de volta aos relvados.
"Só com o projeto certo, houve vários convites para formação, alguns para séniores (...) e não aceitei nenhum porque não me pareciam os certos no tempo certo. Já dizem que sou caro ou que gosto de mudar muita coisa e que sou disruptivo por outras palavras, a verdade é que nunca tive problemas de maior importância em nenhum clube", esclareceu.
O jovem treinador que tem muita experiência no futebol de formação matosinhense passando pelo Lusitanos e pelo Leça explicou que é necessário haver a criação de mais equipas sub-23 no concelho.
"Mais do que tudo criar esse escalão para dar espaço competitivo. É grave um clube como o Leça não ter S23 ou equipa B (teria hoje um grande plantel). Um clube histórico que caiu aos pés do Braga na Taça e que tem feito grandes campeonatos e não consegue dar espaço a miúdos que tem feito grande trajeto na formação", afirmou.
Este afirma que "trabalha-se mal na procura de jovens que jogam no futebol de formação em Matosinhos" e que se devem corrigir "maus hábitos".
"Quero com isto dizer que se contrata muitas vezes porque um amigo falou, porque jogou com ele noutro lado, porque ele era bom não sei onde na verdade de scouting é 0! Os treinadores de seniores deviam ir ver Sub-19, deviam por gente a preencher relatórios, deviam ir ver outras divisões e assim fazer o seu plantel. A desculpa do dinheiro não cola para tudo", salientou.
"O outro mau hábito é a experiência e neste caso falta dela. Mas quer dizer, um jogador que tenha jogado no amador sem treinadores de qualquer capacidade e mal fisicamente só porque tem 35 anos é melhor do que um miúdo de 19 que jogou na Nacional e na 1ª de S19 contra miúdos que vão ser profissionais e que se tratam como tal?! Claro que há exceções mas uma mescla era o essencial", frisou.
André da Silva continua atento ao futebol matosinhense revelando os destaques do início da temporada.
"Vejo por exemplo o Senhora da Hora que começou muito bem e trouxe o Mister Milton de volta e isso fez a diferença. Creio que se recruta aleatoriamente treinadores no futebol distrital, e quando não acontece vemos que uma equipa como o Senhora da Hora que andava com anos penosos surge com bastante força e todos sabemos que o mérito é daquela peça que mudaram", disse.
"O Padroense tem um nível de organização diferente e estará sempre bem e acima do que é feito na distrital. Leça e Leixões são de outro patamar. Sinto que o Aldeia Nova se prepara para ser um clube diferenciado dos outros pela forma como se reforça, como maximiza o clube em termos de condições e de visibilidade, é um trabalho na sombra mas um grande trabalho. Curioso com o que faz Lavrense, Lusitanos e Infesta e esperar que tudo volte ao normal em Perafita. Não posso ignorar o que tem acontecido em Leça do Balio, é hoje um clube muito diferente do que era há uns anos e este ano irá subir de divisão se nada de grave acontecer", proferiu.
André orientou vários jogadores na época passada que pertencem a vários clubes matosinhenses esta temporada como Leandro do Lavrense, Saldanha do Leça do Balio, Brandão do Lusitanos, entre outros, enfatizando que "o maior prémio que recebo é o reconhecimento deles".
"Todos os miúdos que conseguem estar a jogar nos primeiros anos de sénior tem que ter feito algo de bem. É a prova que há espaço e de que há qualidade. É injusto dizer quem poderá chegar mais longe. Por exemplo, o Nuno Gomes teve dificuldades na sua formação e chegou aos seniores de uma superequipa como Leça do Balio. Dos que passaram pelas minhas mãos pelas características técnicas, físicas e mentais o Leandro está num nível distinto. O Saldanha também tem de jogar rapidamente porque é GR de Nacionais. Depois temos muitos que facilmente atingirão a Pró-Elite. O Brandão é um extremo perigosíssimo. Há miúdos com o perfil do Gonçalo Vieira, Ruben que cabem em qualquer equipa", referiu.
André da Silva relembrou a sua passagem pelos sub-19 do Leça, descrevendo que se tornou "um bocadinho do Leça também", frisando que "criamos muitos jogadores" como Leandro, Rúben Queirós, Afonso Saldanha, Brandão, Nuno Gomes, entre outros, mas realçou que "deixei três ou quatro premissas importantes".
"Recuperamos em alguns a alegria de jogar futebol e isso é o mais importante, creio que os jogadores acabaram a época na sua maioria felizes e a entender mais do jogo do que antes, abrimos a curiosidade de alguns pensarem no treino enquanto treinadores e acima de tudo um legado humano. Gosto quando me reencontro com alguns de sentir um abraço ou ouvir uma história que tinha apagado. Dizem-me acima de tudo que confiam em mim e que vêm em mim um treinador e um amigo. É difícil para eles perceber muita coisa que se passa nos séniores e é difícil para mim às vezes não falar tudo o que queria", mencionou.
André da Silva esteve seis anos no futebol de formação matosinhense como treinador adjunto principal dos sub-17 e sub-19 do Lusitanos, também nos sub-19 do Leça e como principal. Este já foi guarda-redes no Lusitanos.
Fonte da Foto: DR
Diogo Bernardino
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