O presidente da SAD do Leixões, Paulo Lopo, revelou hoje que o clube "não ficará de braços cruzados e irá recorrer a todos os meios judiciais permitidos" que são o da Relação e o Constitucional, em conferência de imprensa.
"A Leixões SAD e todo o universo leixonense sentem-se injustiçados pela condenação de que foram alvos no processo Jogo Duplo. O Leixões não ficará de braços cruzados e irá recorrer a todos os meios judiciais que são permitidos: a relação e o Constitucional", apresentou Paulo Lopo na intervenção que iniciou a conferência.
"Sendo certo que em nada neste processo existe qualquer relação entre a SAD e o cometimento de qualquer crime. Os 112 anos da nossa história tem sido uma escola de virtudes reconhecida como um clube formador de pessoas e desportistas e não se revê em nenhuma outra forma que possa ir contra a lei e contra a verdade desportiva, pois esses são os valores que o Leixões sempre defendeu", mencionou.
Paulo Lopo salientou que ao longo do processo "nunca aconteceu a imputação de qualquer ato ilícito à SAD" e que isso implica "uma nulidade da acusação".
"Até hoje ainda não nos foi disponibilizada a sentença e os seus fundamentos, pelo que não sabemos ainda do que é que fomos acusados. Ao longo deste processo, nunca aconteceu a imputação de qualquer ato ilícito à SAD. Existiu a algumas pessoas que trabalharam na SAD, mas não à SAD diretamente e isso implica na nossa ótica uma nulidade da acusação e uma pronúncia, porque ninguém pode ser condenado por um crime que não lhe tenham sido imputados factos reais", salientou.
"O Leixões é um clube histórico e irá se defender, porque acreditamos que os nossos valores e os nossos princípios são muito importantes. Não nos revemos de modo algum em atos ilícitos e iremos continuar a lutar e a fazer das nossas fraquezas força, para mostrar a toda a gente que o Leixões é um clube que está cá para ficar", reforçou.
Presente na conferência de imprensa esteve o advogado da SAD, Jorge Santos Gomes, que explicou que a sociedade "não se consegue defender, porque não sabe o que é que se tem de defender"
"A SAD, quando foi constituída arguida, foi ouvida. No entanto aqui a questão que se coloca é outra, é que não existe qualquer tipo de imputação de factos, quer na acusação, quer na prenúncia. A SAD não se consegue defender, porque não sabe o que é que se há de defender. Sendo uma sociedade desportiva, não comete atos. Os atos são cometidos através de outras pessoas, quer sejam representantes legais ou outros", descreveu.
"Existe a imputação de facto a outros arguidos, mas à SAD do Leixões é imputado apenas um crime. Não se sabe se esse crime é de A, de B ou de C, daí que não consigamos fazer a defesa e isso não consta na acusação/prenúncia. Consideramos que existe uma questão processual porque qualquer defesa pode ser aproveitada por um dos outros arguidos e primeiro trata-se de uma nulidade existente e, depois, de uma falta de imputação de factos à SAD do Leixões", sustentou.
Jorge Gomes divulgou que o Leixões no início do caso Jogo Duplo pediu a nulidade de processo que consiste segundo o Código Penal Português na não divulgação de um ato que a lei prescreve que consiste em dar a possibilidade de defesa ao arguido.
"A SAD suscitou logo essa questão da nulidade do processo no início do processo aquando da apresentação da sua contestação. O coletivo de juízes referiu que não se iria pronunciar sobre ela, motivo pelo qual a SAD do Leixões intrepôs desde logo recurso dessa decisão, recurso que se encontra pendente e que irá subir agora juntamente com os eventuais recursos que surgirão desta sentença", contou.
Paulo Lopo manifestou que o plantel "está tranquilo" em relação às notícias que têm surgido, mas admitiu que a estratégia em relação a objetivos para a próxima época pode ser "repensada".
"Nos últimos três anos temos sido uma SAD cumpridora, com os ordenados em dia, sendo que nestes anos foram pagos dois milhões de euros em impostos ao estado, só por isso seria um crime condenar o Leixões que é um bom pagador. Se vamos repensar a nossa estratégia em relação ao futuro, diria que sim em função disto. Queremos mostrar que há justiça no futebol, mas está-se a mostrar-se que há uma justiça através de uma injustiça", manifestou.
A SAD do Leixões não praticou nenhum crime e, mesmo que alguém o tivesse feito, não teria sido em nome da SAD. Acho que ninguém fez, mas, se tivesse feito, não representaria a sociedade anónima. A SAD é representada por duas assinaturas e não por uma pessoa", relatou.
O presidente da SAD confessou que o objetivo principal a partir de agora "vai ser pagar as dívidas da SAD e, na medida do possível, ajudar o clube".
Além de Paulo Lopo e de Jorge Gomes, também esteve presente o presidente do Leixões SC, Jorge Moreira, que manifestou que a imagem do Leixões fica "beliscada" depois deste processo.
"A imagem do Leixões vai sair beliscada depois deste caso. Estamos a falar de uma situação que vai trazer alguns problemas em termos de patrocinadores. Confio na justiça portuguesa e recorrendo da sentença, até às últimas instâncias, seja apurada a verdade desportiva. Estamos a falar de uma época [2015/16] que, toda ela, foi desprovida de verdade. Acompanhei a época do Leixões enquanto adepto e houve muitas equipas que beneficiaram de uma forma indirecta do que se passou em vários campos nessa época", o dirigente.
A partir de agora o Leixões tem um mês para apresentar recurso que coloca a leitura do acórdão em suspenso automático e efetivo para o tribunal da Relação em Lisboa.
Diogo Bernardino
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