O guarda-redes que representa o Infesta Pedro Duarte Marques revelou que "o prinicpal inimigo" da época não ter corrido bem "foi a falta de materialização dos nossos processos", em exclusivo ao Mitchfoot.
MF - O que achas da decisão da AF Porto?
PM - Aproveito em primeiro lugar para agradecer-te por este convite, pela qual me sinto profundamente agradecido. Tentarei nesta nossa conversa o mais breve possível, respondendo às questões que me colocaste.
Sobre, a qual, consideramos a maior decisão por parte da AF Porto, quanto ao fim dos campeonatos, digo desde já que concordo, na totalidade, com a decisão da associação uma vez que não haveria nem condições seguras e totalmente dignas para que conseguíssemos prosseguir na boa prática desportiva, tanto a nível competitivo como a nível técnico, já para não falar do risco que seria tomar uma decisão irreflectida para a segurança individual, pois por detrás nós existem famílias e empregos.
As equipas iriam ter medo dos contatos, do choque, mas sobretudo seria estranho jogar num ambiente completamente anímico. (SEM ADEPTOS) É algo que não estamos habituados, e o futebol como desporto coletivo é feito para as pessoas como um modo de entretenimento. O futebol é viver e sentir as emoções durante o jogo, de forma livre e espontânea, sem pensar em redor, é algo apaixonante.
Seria muito triste, para mim, estar a jogar e olhar em redor e não ver ninguém. Seria apenas os jogadores mais a equipa de arbitragem e técnicos. O restante era longínquo, e não podemos comparar o nosso cenário com aquele, onde ainda será possível transmitir por via digital os jogos.
MF - Como descreves a tua temporada a nível de equipa e pessoal?
PM - Quanto à temporada em si, as principais palavras são: aprendizagem e consolidação. Foi uma época muito difícil, foi uma temporada anímica com diversas adversidades, desde lesões, expulsões a troca de treinadores. Foram diversos entraves quer a nível coletivo, quer a nível de resultados. Resultados esses que não espelhavam em nada as nossas exibições. Contudo, após toda esta mesma turbulência, conseguimos começar a levar o barco a bom-porto.
A vinda de um novo treinador é sempre um fator extra motivacional, e com algumas mexidas/escolhas, o grupo ficou mais unido e coeso, de onde se começou a verificar um ascendente. As ideias de um futebol mais objetivo com o mister Bruninho, e a junção do trabalho desenvolvido pelo Mister Miguel Fernandes, fizeram com que as equipas começassem a sentir que jogar contra o Infesta nunca seria tarefa fácil.
O nosso principal inimigo foi a falta de materialização dos nossos processos, pois, por jogo dispúnhamos de várias oportunidades/ocasiões de golo... e nada. Regra geral, quem não marca, sofre, e éramos vítimas das transições do adversário.
Até à 2.ª volta tinha completado apenas 90 minutos na Taça Brali frente ao Padroense. Foi mais uma época de experiência e onde, na segunda metade do campeonato consegui consolidar a minha posição e assumir aquilo que tanto desejava. Terminei no 11 inicial, sendo que o momento mais feliz nesta época foi o alcançar do meu maior objetivo.
Ao fim de 2 anos de futebol sênior, pelo Infesta (6 na totalidade – formação 3 anos + 2 sênior) completei os meus primeiros 90 minutos em casa, já que todos os jogos que tinha realizado até então, foram sempre na condição de visitante. A juntar a isso, nada melhor do que ser o jogo em que conseguimos triunfar pela primeira vez em casa, com uma vitória por 1-0 frente ao Gondomar.
Sem dúvidas que foi um jogo muito especial para todo o plantel, já que contamos com um apoio sensacional nas bancadas, desde familiares a amigos. Foi uma esfera bonita, a fazer lembrar os velhos tempos do Moreira Marques. Sem dúvida que o fator motivacional ganha jogos, e a nossa equipa correspondeu a todas as exigências.
Tenho a certeza se o campeonato fosse até ao fim, que íamos garantir a manutenção, e espelho disso foi o facto de que embora tenhamos perdido o último jogo no último lance de jogo com um golo de uma recarga, fomos mais uma vez coesos e solidários.
MF - Como é que tens lidado com a situação?
PM - Quanto ao novo panorama, em teletrabalho, tem sido uma boa experiência, já que é dessa forma que estou a concluir a minha licenciatura em Direito na FDUP, já que sou estudante finalista. Para além disso, a atividade profissional que desempenho no mercado imobiliário é uma realidade um pouco desajustada, mas, mesmo assim a nossa Empresa tem conseguido aguentar-se e desenvolver bons negócios ainda.
É claro que a taxa de produtividade é mais baixa do que as minhas capacidades, mas o tempo exige adaptação. Quanto ao estudo tem sido difícil acompanhar os professores, mas tenho conseguido, embora seja mais desgastante e onde se perde mais tempo a analisar as aulas. Os meus exames vão ser online, vai ser uma experiência nova, mas a vida é mesmo assim.
MF - Como é que fazes o plano de treinos?
Nesta quarentena, tenho tentado estar o mais ativo possível, de onde continuo a praticar exercício, onde tenho um plano de treinos feito por um amigo da área e onde tenho obedecido a um regime alimentar “mais ou menos” cuidado, uma vez que a minha fisionomia é de tendência para aumentar peso. Tenho corrido e andado de bicicleta, tenho feito bastantes exercícios para me manter ativo, embora na minha posição esse trabalho seja difícil, pois é bastante e não consigo sozinho complementar tudo, em que por exemplo será necessário trabalhar voos, saídas e velocidade reação.
MF - Já deves ter saudades do relvado?
Isto só vem comprovar que sem futebol é difícil viver, é doloroso olhar e dizer que a época terminou mais cedo, por culpa de um inimigo que é invisível. Porém, primeiro está a saúde, como forma de tutelar o bem fundamental que é a vida. O nosso direito à saúde tem que ser primordial.
MF - Gostarias de continuar no clube e porque?
Relativamente à próxima época, tenho alguns convites em cima da mesa, quer a nível de renovação quer outras realidades, mas ainda estou a ponderar tudo isso. Mas, toda esta minha ponderação depende do meu futuro a nível académico, pois pretendo seguir Mestrado em Direito Criminal, e isso poderá levar a ter que optar.
Porém vamos ser positivos, pois tenho desde os meus 5/6 anos conseguido compatibilizar os estudos e o futebol e seria ótimo ficar no Infesta (onde já recebi proposta de renovação). Tudo depende da minha escolha, pois o mestrado está como prioridade no meu meu currículo e objetivo para futuro.
MF - Que mensagem queres deixar aos adeptos do futebol de Matosinhos e em particular ao do teu clube?
PM -Mensagem para os infestistas: é, sabido de todos, que nós na próxima época vamos enfrentar o maior dos desafios: não vamos poder jogar naquela que é a nossa casa (desde à 10 anos). Porém vamos voltar a treinar no nosso velhinho estádio, sendo que iremos sempre andar com a casa às costas quando jogarmos em casa. Sinceramente não vejo isso como uma primeira desvantagem, até será um fator motivacional extra.
Deixo assim a seguinte mensagem, em que desejo que na próxima época continue a apoiar o clube, em que embora esta época não fosse tão positiva como as anteriores é primordial apoiar um clube com uma história sem igual, de onde tem um grande palmarés. Este tempo levou a reforçar os laços e a refletir em valores como a família e a amizade, onde conseguimos agora passar mais amor junto daqueles que nos são mais queridos.
Foi uma “pausa-reflexão” que veio dar um novo ânimo à Terra. Reforço assim a ideia que para isto passar, basta pensar em obedecer às recomendações das entidades competentes, pois ao sermos civilizados e organizados no mínimo tempo possível, embora isto não passe do dia para a noite, conseguiremos escrever uma palavra com um final feliz na história da humanidade.
Fonte da Foto: FC Infesta
Diogo Bernardino