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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

HUMBERTO " Existe um sonho! Mas quase impossível de alcançar..."

Humberto Ricardo Novo Pereira da Silva, 34 anos natural de Matosinhos, é guarda redes de futebol e defende a baliza do Padroense. Em 1992 vestiu-se a rigor como Keeper pela primeira vez ao serviço do Leixões (sub 13). Daí para cá não mais parou e SC Senhora da Hora, GD Aldeia Nova, FC Perafita, FC Pedras Rubras e Padroense fazem parte da vida futebolística de Humberto. 

MITCHFOOT - Humberto, como nasceu esse teu gosto pelo futebol, pretendes contar-nos um pouco dessa história? 

HUMBERTO - Em 1º lugar agradecer ao sr. Mário por vir ao meu encontro e me proporcionar mais uma agradável conversa para o Seu blog...quanto ao gosto pelo futebol, venho de uma família de jogadores, o meu avô, o Macarrão que jogou muitos anos no Leixoes, e como não poderia deixar de ser, o meu irmão Ze António, que começou no Leixoes, e como Guarda Redes, e levou-me por arrasto para essa paixão que ainda hoje tenho, a baliza e o futebol...depois foi só alimentar essa paixão 

M - Como não podia deixar de ser, conta-nos um pouco sobre o teu relacionamento com teu irmão, Zé António, esse brioso atleta que por motivos de doença teve de deixar o futebol mais cedo. 

H - O meu irmão...o que dizer...para mim desde miúdo sempre foi o meu ídolo...via e vejo nele o meu maior exemplo, quer como jogador, pois como profissional penso que existiam poucos como ele, mas como homem afirmo aqui que é o maior exemplo que eu conheço. Como todos sabem, uma grave doença acabou com a carreira dele, carreira essa da qual eu muito me orgulhava, seguia-o para todo o lado e para mim ele era o melhor jogador do mundo, mais que não fosse pela raça, caráter e profissionalismo que deixava em cada treino e cada jogo...como disse anteriormente, a vida pregou-nos essa partida, mas ele continua como sempre foi, um guerreiro, e posso dizer que continuamos com uma relação como sempre tivemos, de dois irmãos que se adoram...volto aqui a dizer, o meu irmão foi, é e será sempre o meu ídolo...

M – Como homem do futebol, por certo tens o teu clube de eleição, aquele que de facto mexe com os teus sentimentos, queres dizer-nos qual é ? 

H - O meu clube de coração é o Leixoes, clube da terra, no qual me formei para o futebol...obviamente que os clubes por onde passei ganharam um espaço tb no meu coração, são eles o Perafita, o FC Pedras Rubras e agora o Padroense...quanto aos Grds...o Benfica... 

M – Na difícil e inigualável posição de guarda redes, por certo também tens o teu preferido, em qual GR tu te revês ou encontra mais semelhanças? 

H - Na baliza a minha referência foi sempre o Vitor Baia...não havia como ele...da actualidade, destaco o Casillas, Julio César e Buffon (este um senhor)...quanto ao melhor do mundo nesta posição...Neuer, certamente o GR mais completo que existe...e todos eles servem de fonte de inspiração por assim dizer.. 

M – Na tua já longa carreira desportiva, qual o momento, o jogo que mais te marcou? 

H - Tenho dois jogos inesquecíveis (pela positiva) para mim... Um FC Pedras Rubras vs Vila Real em que foi um jogo perfeito individualmente, e o S. Martinho vs Padroense da época passada...esse para mim foi a melhor exibição que fiz em toda a minha carreira até ao momento...

   
M - Depois de 6 épocas a jogar fora do concelho de Matosinhos, todos vividos com a camisola do FC Pedras Rubras, regressaste à nossa terra para defender as cores do Padroense FC, sentes que foi acertada essa decisão? 

H - Bem...depois de 6 épocas no FC Pedras Rubras, clube que me marcou muito onde tive duas subidas de divisão, uma delas aos CNS, num momento em que estava a ser pouco utilizado, surgiu o convite do Padroense por parte do Presidente, sr. Germano Pinho, e em boa hora aceitei esse desafio. Sabia que o clube estava numa situação delicada, e o que me pediram foi para vir ajudar com alguma experiência, e graças a Deus chegamos ao final da época com a tão desejada manutenção na divisão de elite, e isso foi o mais importante, para além de ter recuperado a alegria de jogar regularmente. Nunca é demais agradecer a algumas pessoas que muito me ajudaram aquando da chegada ao Padroense, nomeadamente o sr. Germano Pinho, o sr. Jorge Peixoto, o grd Joaquim (massagista) o meu grd amigo Paulinho Ferreira, e toda a direcção, equipa técnica e restantes elementos do plantel da época passada que me fizeram sentir em casa... 

M – Um ano volvido, quase 50 jogos na baliza do Padroense, Humberto é relegado para o banco, diz-me no teu entender a que se deve esse facto? 

H - Sim é verdade que desde que cheguei a meio da época passada fiz quase todos os jogos e inclusive esta época fiz toda a 1ª volta como titular, e penso que a cumprir e a ajudar a equipa, Mas isto é futebol, e o treinador achou por bem trocar, e eu só tenho de aceitar e continuar a trabalhar diariamente com o objetivo de voltar a ser opção...e aqui garanto que não trabalho mais do que aquilo que trabalhava qdo era "titular" pois quem me conhece sabe que cada treino para mim é como um jogo, quer jogue quer não jogue, vou treinar, não "vou ao treino".... 

M– João Matos, é um “puto” da formação padroensista, sei que tem aprendido muito contigo e sei também que tens um otimo relacionamento com ele, revela-nos a tua opinião sobre este jovem valor entre os postes que está agora a começar ao nível sénior? 

H - O Matos é um miúdo fantástico...muito humilde, natural da Guarda, que está aqui no grd Porto à procura de um sonho que é ser GR! O Matos como GR tem um potencial muito grd e sempre que posso tento ajudá-lo em algumas coisas... Ele ainda tem 19 anos, é 1º ano de sênior, mas na minha opinião se mantiver a humildade, com a qualidade que tem, e melhorando um ou outro aspecto (próprio da idade), prevejo um futuro risonho. Obviamente que tb é preciso "sorte" para conseguir ser alguém no futebol. Desejo-lhe tudo de bom na carreira dele sem dúvida. 

M – Aos 34 anos, presumo que ainda te vamos “aturar” por mais algum tempo, sentes que ainda tens algo de importante para acrescentar à tua excelente carreira, para dar ao futebol? 

 H - Sim são 34 a caminho dos 35, mas enquanto sentir que tenho condições físicas para jogar, e desde que algum clube esteja interessado nos meus serviços, conto ainda jogar pelo menos mais 3 ou 4 épocas . Quanto ao acrescentar algo à carreira, uma vez que nunca fui profissional como sempre sonhei, tracei outro objetivo que era o de jogar na taça de Portugal, e esse já o consegui, por isso agora o que quero acrescentar à minha carreira são vitórias, e muitas alegrias, e acima de tudo disfrutar de cada treino e de cada jogo como se fosse o último.

M – Onde gostavas de acabar a tua carreira no futebol, sei que tens ainda um sonho, queres partilha-lo connosco? 

H - Sim esse sonho existe mas é "impossível"...para mim era mesmo um sonho acabar a carreira no meu Leixões, ou pelo menos voltar a vestir aquela camisola num jogo oficial, mas isso será quase impossível mesmo... 

M – Para terminar queres deixar uma mensagem a alguém em especial, aos adeptos que de alguma forma tem acompanhado o teu percurso? 

H - Para terminar...agradecer ao sr. Mário por este "bocadinho" e desejar-lhe todas as felicidades do mundo...deixar uma palavra de grd apreço para aqueles que são sem duvida o meu grd suporte em tudo nesta vida, a minha mulher e os meus filhos que Domingo após Domingo, seja fora ou em casa estão sempre comigo e nunca me deixam ir abaixo nos momentos mais difíceis...uma palavra tb para todos os adeptos do Padroense assim como para toda a direcção, de que tudo farei para defender da melhor forma possível o clube enquanto o representar é sempre com o máximo de profissionalismo... Por fim, uma palavra para todos os que de uma ou outra forma seguem o meu percurso desportivo, agradecer a uns pelo apoio, outros por não gostarem tanto, mas uma coisa é certa, eu não sou mais que ninguém, mas tenho muito orgulho da minha carreira, pois posso dizer que fiz muitos e bons "amigos" neste mundo, e acima de tudo, sou respeitado e respeito todos os intervenientes no jogo, desde árbitros, a adversários... Um forte abraço para si e para todos os que irão ver esta pequena entrevista. Obrigado. 

M - Obrigado Humberto por me concederes esta entrevista, desejo para tua vida civil as maiores felicidades para o que ainda falta no futebol, os maiores sucessos.

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