OITAVOS FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL
Estádio do Mar
Árbitro: António Nobre (AF Leiria).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Delgado (45), Bruno
Monteiro (83), Roniel (85) e Luís Silva (90).
LEIXÕES 2 TONDELA 2 (4-2 GP)
Ao intervalo, 1-2 golos Roniel (1) Delgado (20) Tomané (25)
Pedro Henrique (78)
Leixões: Luís Ribeiro, Jorge Silva, Pedro Monteiro, Bura,
Stéphane (Evandro Brandão, 74), Amine (Ceitil, 91), Luís Silva, Bernardo,
Erivaldo (Lawrence, 74), Roniel e Kukula (Pedro Henrique, 62). Treinador Filipe
Gouveia
Tondela: Cláudio Ramos, David Bruno, Ricardo Alves, Jorge
Fernandes, João Reis, Bruno Monteiro, João Jaquité, Sérgio Peña (João Mendes,
67), Delgado (Xavier, 59), Murilo (Arango, 83) e Tomané (Patrick, 115).
Treinador Pepa
A corrente começou e acabou por embalar o Leixões, com
Roniel como ponto de partida e chegada. O autor do penálti que cedo deu
vantagem aos homens do Mar bateu o decisivo no desempate para recolocar a
equipa de Matosinhos nos quartos de final da Taça de Portugal, dois anos
depois. Os ventos do apuramento ainda viraram para Tondela com reviravolta, mas
havia bilhete de volta a casa e tradição acentuada após os duelos das últimas
duas épocas.
Impor-se-ia um «não há duas sem três» para um Leixões que
afastou a equipa de Pepa em 2016 e 2017. Ou seria à terceira que os beirões
sairiam do Mar com o alimento necessário para sustentar a caminhada até ao
ambicionado Jamor. Imperou a primeira.
Começou por ser bonança para os de Filipe Gouveia. Ainda não
estavam decorridos 20 segundos, quando João Reis derrubou Erivaldo para um
penálti que Roniel não desperdiçou, apesar de Cláudio Ramos quase ter
defendido.
Dois minutos, um golo e emoção a explodir de vermelho e
branco na bancada. A equipa local entrou bem, confiante e ao ataque. O Tondela,
meio perdido, só encontrou orientação à base da paciência e do tempo. Assim
instalou-se aos poucos no Mar. E criou ali tempestade ao anfitrião.
O mapa do golo era pela direita e com ar sul-americano. Foi
por aí que as investidas de Murillo deram os primeiros avisos, até ao empate. Numa
bola longa pelo ar na diagonal, Peña encontrou o domínio e o remate certeiro de
Delgado para o 1-1: toque latino, do Peru ao Chile (20m).
Golo era sinónimo de confiança e foi mais aproveitado pelo
Tondela, na sequência de um livre colocado na área ao qual Delgado, após defesa
de Luís Ribeiro, teve olho para a bicicleta espetacular de Tomané na pequena
área a dar a volta ao marcador (25m).
O Leixões entrou em maré de desconforto e só reagiu perto do
intervalo, num lance em que Cláudio Ramos tapou o ângulo de passe a Bernardo,
após investidas de Jorge Silva e Kukula. Tempo ainda para Erivaldo acertar no
poste, mas em fora de jogo.
A segunda parte perdeu riqueza no futebol, mas ganhou
expectativa com o tempo. E foi o Leixões a investir mais face à desvantagem,
sobretudo em livres e cantos. De bola corrida, só Bernardo avisou num remate
seco.
Mas não era em campo que estavam as soluções. O banco
trá-las-ia.
Só quando Filipe Gouveia reforçou a embarcação com Ofori e
Evandro Brandão – já após já ter lançado Pedro Henrique – é que o Leixões se
acercou mais do ataque. Receita do empate vinda do banco, num cruzamento de
Ofori para a cabeçada de Pedro Henrique. O Tondela ainda cheirou o golo na
compensação, mas nada evitou o prolongamento.
Aí, houve vontade, algum engenho. Mas golos, nem vê-los.
Jorge Fernandes e Arango de um lado, Roniel do outro. Ninguém deu com a baliza.
Houve ainda Tomané, para uma grande defesa de Luís Ribeiro.
A decisão desta viagem estava mesmo nos penáltis. Cada
guarda-redes defendeu um, mas o falhado por Xavier cedo fez pender a balança
para o Leixões, que marcou por Bura, Evandro Brandão, Pedro Henrique e Roniel.
Ricardo Alves e David Bruno fizeram os dos beirões, que não é desta que chegam
a uns inéditos «quartos».
Declarações:
Filipe Gouveia (treinador do Leixões): "Quero dedicar
esta vitória ao senhor Esteves [antiga glória do Leixões], que faleceu ontem
[segunda-feira] e à massa associativa, que nos apoiou de principio ao fim.
O segredo está no grande grupo de trabalho que tenho, que
trabalha de forma intensa e que hoje demonstrou aqui um grande jogo num relvado
difícil e pesado.
Uma palavra para o Pedro [Henrique], que teve uma paragem
muito grande e sei que não é fácil voltar, ainda por cima num jogo destes.
Fomos felizes nos penáltis, mas o grupo merece, pelo que
trabalha. Nos quartos de final, gostava de jogar em casa, seria mais um prémio
para a nossa massa associativa. O nosso desejo é ir ao Jamor."
Pepa (treinador do Tondela): "Parabéns ao Leixões por
passar aos quartos de final. Na segunda parte, o Tondela não desapareceu do
jogo, ambas as equipas tentaram ganhar.
O Leixões começou o jogo a ganhar, tivemos uma reação forte
e podíamos até ter feito o 3-1, mas, ao não o conseguir, o Leixões fez o 2-2 e,
com as duas equipas a bater-se com tudo, caiu para o Leixões.
Tínhamos a possibilidade de fazer história, mas não
aconteceu. Só há uma coisa a fazer: reagir.
Acredito sempre no trabalho e na resiliência. Ninguém aqui
se pode esconder, temos de encarar as coisas de frente."