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terça-feira, 5 de abril de 2016

GERMANO PINHO APRESENTA A OBRA “ MARCAÇÃO CERRADA – A VIDA DE UM DIRIGENTE”

Germano Pinho, presidente do Padroense FC, clube que lidera há 14 anos, com uma equipa de direcção, capaz e minuciosamente competente, fez de um clube de “bairro” um clube respeitado a nível nacional. Mitchfoot foi ao encontro do Sr. Germano Pinho, dias antes de ver lançado uma obra escrita, que tem por titulo “ Marcação Cerrada – A vida de um dirigente” este livro, será apresentado no próximo dia 15 de Abril, pelas 21h30 na sede (auditório) da Associação de Futebol do Porto. No Estádio do Padroense, como é apanágio do Senhor Presidente recebeu-nos com toda a simpatia em sua “casa” que é também o local onde por inerência é o seu cotidiano

   
 MITCHFOOT (M): Depois destes anos todos de exposição pública, motivada pela sua participação no fenómeno desportivo, em especial como Presidente do Padroense F.C., surpreendeu-nos a todos, a sua iniciativa de publicar um livro, que, penso ser autobiográfico. Porquê este seu desafio? Algum motivo especial? 

GERMANO PINHO (GP): Meu querido amigo Mário, sou por definição um saudosista, naquilo que a palavra tem de mais bonito e carinhoso. Frequentemente, dou por mim a visitar locais que tenham alguma coisa a ver com o meu passado, rever documentos ou outras alusões com tempos que já não voltam. Não sei se será por essa forma de ser ou sentir a vida que, num determinado momento, achei que deveria fazer esta viagem pelo tempo passado. Assim sendo, peguei no papel e na caneta, fiz um apelo à memória e deixei conduzir-me pelas emoções de acontecimentos que poderão parecer simples aos outros mas, para mim, são os condimentos de uma vida rica e preenchida e que me fazem recordar, reviver e, porque não, voltar a sentir algumas emoções passadas. 

 M: Essa narrativa que vai agora publicar refere-se só aos seus longos anos no desporto ou a toda a sua vida? 

 GP: Obviamente, que se referem a toda a vida. Recuo em memória, até aos meus 5 ou 6 anos de idade, poderei até dizer-lhe que, sem qualquer dúvida, esses primeiros anos de vida, são a parte mais terna e carinhosa da minha trajectória. Fui um afortunado, porque vivi sempre rodeado de muito amor e carinho e reviver esse período, é para mim uma enorme satisfação. Desde os meus tempos de menino como seminarista no Convento de Tomar, passando à adolescência, entrando depois na fase adulta, até terminar nos tempos atuais, todos os momentos são detalhados e fazem parte das minhas memórias, obviamente tendo consciência que a parte da ligação ao desporto em geral e ao futebol em particular é aquela que mais me expõe e procuro, dentro do possível, detalhar as situações e momentos relacionadas com esse período e certamente que quem tiver a oportunidade e o interesse de ler irá achar curiosas e esclarecedoras algumas narrativas que faço. 

 M: Muitos segredos do futebol partilhados Senhor Germano Pinho?

  GP: A única coisa que posso garantir é que tudo o que escrevo é verdade. Naturalmente que algumas situações que descrevo, pelo seu interesse e pela sua originalidade, poderão parecer grandes segredos desvendados mas, nada disso, são apenas situações que vão acontecendo no dia-a-dia, ficando apenas no conhecimento dos intervenientes e pareceu-me que alguns deles deveriam e mereciam ser publicados. 

M: Qual a fase da sua vida que mais gosta de relembrar? 

GP: Todas. No entanto sem dúvida que as mais emocionantes têm a ver com os sonhos e as frustrações enquanto criança e as ilusões e a magia da adolescência, no entanto, todas as épocas tem a sua beleza e o seu encantamento. 

M: O livro serviu para algum a certo de contas com alguém? 

GP: De forma alguma. Serviu, como já disse, para me deliciar com o meu trajeto de vida, mas serviu também para enterrar alguns fantasmas de criança. Depois de acabar de escrever, senti um estranho mas compreensivo sentimento de tranquilidade, que entendo bem mas não consigo explicar. 

M: Toda a gente o conhece como homem do futebol, mas se calhar, poucos sabem como apareceu nesse mundo, quer falar sobre isso? 

GP: Eu nasci no meio do futebol. O meu pai foi um dos fundadores do C. U. D. Leverense e toda a minha vida convivi com o enredo e com a magia desse desporto, por isso, ou também por isso acabei por me ligar intensamente a esse desporto e se mais nenhum motivo tivesse, a homenagem que presto ao meu pai seria o suficiente para justificar essa opção. 

M: Quer focar algum momento especial neste livro? 

GP: Não. Como já disse, o livro é um todo ao qual não é insensível o prefácio do meu amigo Narciso Miranda e o posfácio do igualmente meu amigo Dr. Lourenço Pinto, como tal, não dou nenhum relevo especial a nenhum momento, porque todos eles foram importantes na minha formação como homem mas, se me pedisse para apresentar o momento mais importante de todos eu responderia sem hesitar, que os mais bonitos foram a relação com a minha companheira de sempre e o nascimento dos meus filhos, sendo que os mais tristes e dramáticos foram o falecimento do meu pai e da minha mãe. 

M: Este livro é o primeiro ou o único? 

GP: Sinceramente, acho que será o único, mas a vida, por vezes, surpreende-nos e como sou um homem de causas e afetos, deixo, muitas vezes conduzir-me pela emoção e assim sendo não posso dizer nada ou nunca em coisa alguma. Mas, posso afirmar, com certeza, que escrevi o que queria e encerrei essa parte da minha vida. 

M: Agora na pele de escritor quer deixar alguma mensagem? 

GP: Não tenho essa pretensão, mas aos mais jovens apenas um conselho e uma conclusão: vale a pena ser honesto, vale a pena ser sincero, vale a pena ser solidário, porque um dia, inevitavelmente iremos olhar para trás e é reconfortante verificar que o percurso foi o adequado e a nossa postura é reconhecida como meritória. Vale a pena ter coluna e vale a pena ser honrado, porque no momento de fazer o balanço não necessitamos de esconder nada e teremos com certeza muito para mostrar.