MITCHFOOT - O que faz no conforto do seu lar um treinador, campeão e que conta no seu palmarés, nos últimos quatro anos, duas subidas ao Campeonato Nacional de Seniores?
ANTÓNIO GAITEIRO - Como disseste e bem, no conforto do meu lar, onde tenho uma companheira maravilhosa e que disfruta e partilha comigo todos os momentos da vida e já lá vão 40 anos.
M – Mister não me respondeu concretamente à pergunta?
AG – (risos…) Tenho participado como espectador atento em vários jogos, procurando fazer um prospecção de atletas e identificar-me com algumas equipas, para no caso de surgir, a oportunidade de “pegar” em alguma delas, não ficar desprevenido e arrancar consciente das dificuldades ou não das mesmas. Em relação às duas subidas que referiste, suponho que falas do FC Perafita e do São Martinho, sinto-me orgulhoso pelo meu recente passado pois em ambas tive um prazer enorme em ter defendido as suas cores.
M – A passagem pelo São Martinho, deixo-lhe marcas…foi uma experiencia positiva?
AG – Posso te dizer sem qualquer tipo de demagogia, que foi uma experiencia muito positiva, um prazer ter treinado o SM durante ano e meio, apesar de surpreendido com a minha saída, recordo-te que estava-mos na liderança, guardo a melhor recordação do clube e das suas gentes, posso confessar-te que até passei a ficar um bocadinho campense.
M – Que tipo de treinador é?
AG – Mais maduro e experiente que ama os clubes por onde passa.
Não tenho obsessão por isso, prefiro um projecto sólido e sério, seja ele na Elite, D. Honra, 1ª divisão AF Porto…mas acho muito curioso, sempre que chego ao CNS acabo por sair, há treinadores que treinam no CNS, eu levo as equipas ao CNS (risos…)
M – O Telefone já tocou?
AG – Sinceramente já! Inclusive, posso te dizer que o meu nome esteve em cima da mesa antes da época arrancar, em vários clubes de Matosinhos e de fora do concelho, mas para além disso nada de concreto existiu. Sabes tenho feito uma carreira a pulso, tenho feito um trajecto que fala pelo que consegui até esta altura, não tenho padrinhos no futebol, não estou no futebol para atrapalhar quem quer que seja, tenho muito respeito pela classe de treinadores e espero serenamente pela oportunidade.
M – Saudades do balneário?
AG – Apesar de estar há relativamente pouco tempo fora, sim tenho saudade do balneário de facto, saudade de me preparar para mais um treino, saudade de jantar ás 23 horas, saudade de me deitar a pensar no trabalho do dia seguinte, sinto falta do futebol, como de um miúdo, que espera ansiosamente pela hora do recreio. Mas sinceramente o que mais sinto falta, é da empatia existente entre a minha equipa técnica e os jogadores, a envolvência criada que mais parece a de uma família.
M – Nunca lhe passou pela cabeça abraçar o futebol como profissional?
AG – Sinceramente não! Inclusive tive um convite de uma Academia de futebol da Irlanda e recusei. Sabes apesar de ser ambicioso, sempre tive os pés bem assentes no chão, prefiro o pouco e certo do que promessas que não venham a ser cumpridas, fiz um trajecto do qual muito me orgulho, sempre em equipas de menor dimensão mas com compromissos sérios e assumidos.
M – Mister, conta já no seu curriculum para alem do recorde de vitorias consecutivas, com direito a registo no Guinnesse book, quatro subidas de divisão, destas, qual a que sentiu mais dificuldade qual que lhe deu mais prazer?
AG – A mais difícil de conseguir foi de facto a que alcancei no Custóias em 2008, por tudo o que envolveu essa época, completamente atípica, pois como sabes o Custóias, em virtude da construção do seu bonito e funcional estádio, fez toda a época com a casa às costas, treinando fora (Padroense sintético e Leça do Balio pelado, jogando no sintético bailense na condição de visitado. A que mais me marcou e mais prazer me deu foi a do FC Perafita, sagrando-me campeão da 1ª Divisão, mais me marcou por tudo o que se disse a quando do meu ingresso no clube (risos..) ainda me lembro do que se dizia no inicio “Gaiteiro não vai permanecer aqui mais de dois meses” foi um prazer de facto figurar na melhor fase e histórica do FC Perafita.
M – Mister perspectivas, para quando o regresso?
AG – Perspectivas são de facto treinar quanto antes uma equipa de futebol, tenho constituída uma equipa técnica que esta pronta para seguir comigo, estamos prontos! Não desespero por isso e quando os clubes acharem que precisam do meu contributo, analisarei em conjunto com os meus adjuntos para tomar a decisão de acordo com a ambição dos clubes.
Obrigado mister foi um prazer ter conversado consigo, espero sinceramente vê-lo muito próximo sentado num banco de suplentes a orientar e bem as equipas que lidera.