100 anos e uma enorme mágoa
Há uma certa excitação por estes dias no estádio e pavilhão do Leça e o motivo não é para menos: o clube realiza hoje a primeira fase das comemorações do centenário, marca que atingiu no passado dia 21. O JOGO visitou um emblema que passou três temporadas no principal escalão do futebol português e que iniciou uma queda depois do "caso Guímaro" - árbitro que aceitou um cheque de 500 contos para beneficiar o Leça - que o fez voltar, na secretaria, ao segundo escalão. "Viemos de estágio e recebemos um fax a dizer que tínhamos descido. Um plantel feito para a primeira divisão e que acaba na segunda... Foi um desastre", recorda Aníbal Araújo, um dirigente que leva 40 anos com funções no Leça. 1998 marcou uma viragem, pelo lado negativo, e as dificuldades não são poucas. O passivo é elevado, as receitas estão penhoradas e ninguém tem dúvidas de que a solução passa pela municipalização do estádio. "Trará condições para seguir em frente e festejar mais 100 anos", comenta Fernando Monteiro, atual presidente adjunto e candidato às eleições marcadas para o final da época. Aliás, ele próprio já assumiu o clube e quando chegou, em 2007, teve de lidar com alguns excessos. "Cheguei num ano de transição, já com o plantel feito. O orçamento era 24 mil euros por mês. Descemos e chamei o treinador a explicar que era preciso reduzir para metade, se queriam receber." Hoje, 5000 euros mensais dão vida ao futebol sénior do Leça, mas a municipalização do recinto, um dossiê que o clube espera ver avançar, trará condições para uma meta já traçada: "Chegar à II Divisão em dois ou três anos". Isto tendo sempre presente que "o Leça não poderá entrar em loucuras", conforme insiste Fernando Monteiro, e isto sem esquecer outras necessidades, como obras no pavilhão, que já recebeu a visita da Matosinhos Sport.
Ausente devido a motivos profissionais, o presidente da Comissão Administrativa, José António Pinho, falou a O JOGO numa curta conversa telefónica. Também aborda um projeto que surge como salvação quase única. "Poderemos preparar o Leça para o futuro", afirma. "Não somos só nós mas as dificuldades são tremendas", lamenta. Seja como for, o dia de hoje será para festejar. A luta continua depois.
OJOGO