SÉRGIO NORA DECEDIU POR TERMO À SUA CARREIRA
Nasceu e viveu desde sempre em Matosinhos - nada mais apropriado portanto que também tenha sido aí que tenha nascido e vivido para o futebol, numa carreira umbilicalmente ligada ao período dourado do Infesta e, mais recentemente, do vizinho Padroense. Somando agora 45 anos e sendo o mais veterano de entre os atletas nos nacionais, Sérgio decidiu por termo à sua carreira.
TUDO COMEÇOU NO CAFÉ LISBONENSE
Com 18 anos foi convidado para jogar nos amadores do Café Lisbonense. Como era pescador não podia treinar, mas aceitou porque os jogos eram aos Sábados à tarde e não precisava de treinar à semana.
PASSAGEM PELO INFESTA
MITCHFOOT (M): No final da década de 90 e início da de 2000 o Infesta parecia um forte candidato a subir às ligas profissionais. Quais eram os segredos?
SÉRGIO (S): Simples: tínhamos muito bons jogadores! E ainda um bom líder ao leme.
M: Nesta altura em que o clube aparecia mais na imprensa o Sérgio era já apontado como uma das suas figuras. Com 15 anos a menos, recebia muitos contactos para ir jogar para emblemas maiores ou para o estrangeiro?
S: Para o estrangeiro nunca, mas 1ª e 2ª divisão sim. Por algum motivo nunca foi possível concretizar-se.
M: Quando deixas-te o Infesta já tinhas alguma idade. Nessa altura passou-te pela cabeça pendurar as botas?
S: Passar, passou. Mas entretanto o mister Mata estava no Padroense que tinha descido à distrital e achou que eu ainda tinha capacidades para ajudar. Fui logo com muito agrado.
M: Por falar nisso, como se deu a tua saída? Não deve ter sido fácil terminar uma relação de 18 anos.
S: Foi uma situação normal, acabou um contrato de trabalho e acharam que já não era mais útil.
M: Abandonas-te o Infesta sensivelmente na mesma altura que Augusto Mata, houve alguma relação entre a saída de ambos?
S: Não foi bem na mesma altura, saí 3 anos mais tarde.
M: Está nos teus planos regressar ao Infesta?
S: Quem sabe...o futuro a DEUS pertence.
PADROENSE
MITCHFOOT: Trocas-te então de clube, mas mantives-te o mesmo concelho. Matosinhos é uma paixão?
SÉRGIO: Sem duvida! Sou matosinhense de gema e calhou o mister Mata estar no Padrão e ainda bem, mas o facto de ser perto de casa ajudou bastante.
M: Chegas-te ao Padroense com o clube nos distritais e fos-te um dos principais responsáveis pela subida até à 2ª Divisão Nacional. Alguma vez imaginas-te uma evolução tão rápida?
S: Com gente competente como Augusto Mata e o presidente Germano Pinto, 2 homens com muitos anos de futebol, o trabalho só podia dar frutos.
M: Como foi trabalhar com Augusto Mata, um dos treinadores mais históricos do nosso futebol, e qual achas ser o segredo da sua longevidade?
S: Sempre gostei da forma como ele trabalha. É um treinador que deixa sempre o jogador à vontade, e brincalhão. Só quem já foi treinado por ele é que sabe a maneira simples como trata os jogadores.
M: Com base na sua longuíssima carreira e nas duas equipas por onde passas-te, és capaz de eleger o melhor onze, formado com companheiros em ambas as equipas?
S: É difícil formar uma equipa. Foram tantos bons jogadores que jogaram comigo ao longo de tantos anos que não arrisco. Mas era eu e mais 10 de certeza, ahah!
M: Tens noção de quantos golos marcas-te no total da tua carreira e se constitui algum recorde?
Sei que tenho uma média de 13 golos por época...
M: Nenhuma mágoa por não tereres tido uma oportunidade em emblemas maiores?
S: Claro que sim, há alguma mágoa até porque gostaria de ter jogado na 1ª divisão, mas enfim não foi possível. Estou satisfeito com a carreira que consegui ter.
M: Para terminar, quais os objectivos actuais do Sérgio, com 45 anos?
Só tenho uma certeza: vou continuar ligado ao futebol, sou monitor da Academia do Padroense, vou dedicar-me aos miúdos.
SÉRGIO NORA: A todos quero agradecer o carinho que me foi dado ao longo da minha carreira, termino a minha carreira com a certeza de que consegui muitos amigos no futebol, que como todos sabem, para mim é uma paixão, espero continuar a jogar, nas velhas guardas ou com os amigos, divertir-me a fazer aquilo que mais gosto. Aos adeptos do Padroense, que guardo no coração, fica a mágoa de não poder despedir-me deles, no estádio do nosso clube. OBRIGADO a todos e um ATÉ SEMPRE!
Esta entrevista é de autoria do site FORADEJOGO.NET